segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Feliz dia do livro!

Hoje, 29 de outubro, é o Dia Nacional do Livro, e como uma forma de homenagear aquele amigo que diante do silêncio e da solidão se faz sempre presente, resolvi escrever sobre um, dos muitos, que mais marcou minha vida de leitora fanática. Aqui vai a dica de um ótimo livro! 




Dom Casmurro, livro do mestre Machado de Assis. Já foi odiado por muitos estudantes e vestibulandos, que se viram obrigados a ler e realizar famosos resumos da história (é claro que a maioria encontrou o trabalho pronto na internet). Mas essa não é a questão, o detalhe é que eu também odiei esse livro na minha primeira experiência. Porém, em 2008 quando decidi reler a história, minha leitura foi acompanhada pela microssérie Capitu, apresentada pela Rede Globo. A produção foi uma homenagem ao centenário de morte de Machado de Assis, e tinha como personagens principais os atores Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed.

Aconteceu que eu me apaixonei pela história, pela mistura de amor e loucura que o personagem Bentinho nos apresenta, alias é ele mesmo que apresenta, sendo o narrador, a história é contada a partir de seu ponto de vista, sem transmitir nenhuma outra opinião, nem a de sua amada Capitu, a famosa de olhos de cigana oblíqua e dissimulada. 

A frase de Bentinho resume bem qual era seu objetivo: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. Ah, e antes de continuar com o enredo é preciso explicar a razão do título, e ninguém melhor que o próprio Dom Casmurro para te fazer compreender: “Não consulte dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo”.

Vamos a um pouco de história. A mãe de Bentinho, Dona Glória depois de perder um filho, prometeu que se o segundo vingasse faria um padre, porém, o pequeno se apaixona pela vizinha, Capitolina, e faz de tudo para não ir para o seminário. Com a ajuda de José Dias consegue fazer sua mãe persistir com a promessa e ao mesmo tempo se livrar da batina, ou seja, ela simplesmente faz outro menino virar padre.

Mas o mais incrível, é que essa não é uma das histórias em que há milhares de intrigas, e no final os personagens vivem felizes para sempre. Ao contrário os verdadeiros problemas e brigas começam quando o casal já está unido. Os motivos são os ciúmes e acusações da parte de Bentinho. E aí entra a famosa dúvida sobre o adultério. Afinal Capitu traiu Bentinho com seu melhor amigo? Não se iludam em achar que esse é o ponto áureo do enredo.



A verdade é que nunca iremos descobrir se a Capitu era realmente essa mulher incrivelmente bonita com olhos de ressaca, com ideias fortes e decididas, ou se foi a imaginação de Bentinho que nos apresentou ela assim.

O que podemos ter certeza, é que esse livro nos apresenta, primeiramente um romance de adolescência, daqueles que tira o ar, até dos mais incrédulos, e em um segundo momento descreve uma análise psicológica, que só Machado de Assis sabe fazer.

Voltando a falar da microssérie Capitu. Ela foi dirigida lindamente por Luiz Fernando Carvalho. Tinha dois pares de protagonistas, os atores Letícia Persiles e César Cardadeiro foram Capitu e Bentinho na fase da adolescência e a fase adulta ficou com Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed. E além de tudo isso, tinha uma ótima trilha sonora!




PERSONAGENS


Bento – Bentinho é o personagem principal e também narrador, ele conta suas aventuras da adolescência já na velhice.

Capitolina – Também conhecida como Capitu. “Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo”, assim definida pelo próprio Bentinho, ela era o objeto de seu amor e ciúme. 


Pedro de Albuquerque Santiago - o falecido pai de Bentinho. "Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para todos os lados...".

José Dias – O agregado, quando o pai de Bentinho ainda era vivo, ele chegou dizendo que era médico e acabou ficando por ali, mesmo depois que todos descobriram que não passava de um simpatizante da ciência. Ele é quem ajuda Bentinho a sair do seminário. Apesar de ter sempre interesses próprios, como viajar para a Europa, ele possui grande estima pela família.


Dona Glória – Mãe de Bentinho, uma mulher bonita e conservada, extremamente religiosa, viveu para Deus, seu falecido marido e também seu filho.


Prima Justina – A casa da família era dos três viúvos, a começar por Dona Glória, a outra era Prima Justina, adorava achar defeitos em todas as  pessoas. "...dizia francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de Pedro". 


Tio Cosme – Era o último viúvo da casa, era advogado e por essa razão tinha o verdadeiro respeito de José Dias.


Escobar – Bentinho o conheceu no seminário, virou seu amigo e confidente e mais tarde o alvo do ciúme, morreu afogado no mar do Rio de Janeiro.

Sancha 
– Amiga de Capitu, e mais tarde mulher de Escobar.


Sr. Pádua e Dona Fortunata - São os pais de Capitu. O primeiro, "era empregado em repartição dependente do Ministério da Guerra" e a mãe "alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros". Jamais se opuseram à amizade de Capitu e Bentinho. 


Ezequiel - Filho de Capitu e Bentinho, em homenagem ao casal amigo, levou o primeiro nome de Escobar, assim como o casal deu o nome de Capitolina para sua filha. Quando pequeno costumava imitar as pessoas, e quando maior Bento cisma que ele era idêntico a Escobar, e isso aumenta sua desconfiança.