Hoje, 29 de outubro, é o Dia Nacional do Livro, e como uma forma de homenagear aquele amigo que diante do silêncio e da solidão se faz sempre presente, resolvi escrever sobre um, dos muitos, que mais marcou minha vida de leitora fanática. Aqui vai a dica de um ótimo livro!
Dom Casmurro, livro do mestre Machado de Assis.
Já foi odiado por muitos estudantes e vestibulandos, que se viram obrigados a
ler e realizar famosos resumos da história (é claro que a maioria encontrou o
trabalho pronto na internet). Mas essa não é a questão, o detalhe é que eu
também odiei esse livro na minha primeira experiência. Porém, em 2008 quando
decidi reler a história, minha leitura foi acompanhada pela microssérie Capitu,
apresentada pela Rede Globo. A produção foi uma homenagem ao centenário de
morte de Machado de Assis, e tinha como personagens principais os atores Maria
Fernanda Cândido e Michel Melamed.
Aconteceu
que eu me apaixonei pela história, pela mistura de amor e loucura que o
personagem Bentinho nos apresenta, alias é ele mesmo que apresenta, sendo o
narrador, a história é contada a partir de seu ponto de vista, sem transmitir
nenhuma outra opinião, nem a de sua amada Capitu, a famosa de olhos de cigana
oblíqua e dissimulada.
A frase de
Bentinho resume bem qual era seu objetivo: “O meu fim evidente era atar as duas
pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência”. Ah, e antes de
continuar com o enredo é preciso explicar a razão do título, e ninguém melhor
que o próprio Dom Casmurro para te fazer compreender: “Não consulte
dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe
pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para
atribuir-me fumos de fidalgo”.
Vamos a um
pouco de história. A mãe de Bentinho, Dona Glória depois de perder um filho,
prometeu que se o segundo vingasse faria um padre, porém, o pequeno se apaixona
pela vizinha, Capitolina, e faz de tudo para não ir para o seminário. Com a
ajuda de José Dias consegue fazer sua mãe persistir com a promessa e ao mesmo
tempo se livrar da batina, ou seja, ela simplesmente faz outro menino virar
padre.
Mas o mais
incrível, é que essa não é uma das histórias em que há milhares de intrigas, e
no final os personagens vivem felizes para sempre. Ao contrário os verdadeiros
problemas e brigas começam quando o casal já está unido. Os motivos são os
ciúmes e acusações da parte de Bentinho. E aí entra a famosa dúvida sobre o
adultério. Afinal Capitu traiu Bentinho com seu melhor amigo? Não se iludam em
achar que esse é o ponto áureo do enredo.
A verdade é
que nunca iremos descobrir se a Capitu era realmente essa mulher incrivelmente
bonita com olhos de ressaca, com ideias fortes e decididas, ou se foi a
imaginação de Bentinho que nos apresentou ela assim.
O que podemos ter certeza, é que esse livro nos apresenta, primeiramente um romance de adolescência, daqueles que tira o ar, até dos mais incrédulos, e em um segundo momento descreve uma análise psicológica, que só Machado de Assis sabe fazer.
Voltando a
falar da microssérie Capitu. Ela foi dirigida lindamente por Luiz Fernando
Carvalho. Tinha dois pares de protagonistas, os atores Letícia Persiles e
César Cardadeiro foram Capitu e Bentinho na fase da adolescência e a fase
adulta ficou com Maria Fernanda Cândido e Michel Melamed. E além de tudo
isso, tinha uma ótima trilha sonora!
PERSONAGENS
Bento – Bentinho é o personagem principal e também narrador, ele conta
suas aventuras da adolescência já na velhice.
Capitolina – Também conhecida como Capitu. “Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo”, assim definida pelo próprio Bentinho, ela era o objeto de seu amor e ciúme.
Pedro de
Albuquerque Santiago - o falecido pai de Bentinho.
"Não me lembro nada dele, a não ser vagamente que era alto e usava
cabeleira grande; o retrato mostra uns olhos redondos, que me acompanham para
todos os lados...".
José Dias – O agregado, quando o pai de Bentinho ainda era vivo, ele chegou
dizendo que era médico e acabou ficando por ali, mesmo depois que todos
descobriram que não passava de um simpatizante da ciência. Ele é quem ajuda
Bentinho a sair do seminário. Apesar de ter sempre interesses próprios, como
viajar para a Europa, ele possui grande estima pela família.
Dona Glória – Mãe de
Bentinho, uma mulher bonita e conservada, extremamente religiosa, viveu para
Deus, seu falecido marido e também seu filho.
Prima Justina – A casa da
família era dos três viúvos, a começar por Dona Glória, a outra era Prima
Justina, adorava achar defeitos em todas as pessoas. "...dizia
francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de
Pedro".
Tio Cosme – Era o último
viúvo da casa, era advogado e por essa razão tinha o verdadeiro respeito de
José Dias.
Escobar – Bentinho o
conheceu no seminário, virou seu amigo e confidente e mais tarde o alvo do
ciúme, morreu afogado no mar do Rio de Janeiro.
Sancha – Amiga de Capitu, e mais tarde mulher de Escobar.
Sr. Pádua e Dona Fortunata - São os pais de Capitu. O primeiro, "era empregado em
repartição dependente do Ministério da Guerra" e a mãe "alta, forte,
cheia, como a filha, a mesma cabeça, os mesmos olhos claros". Jamais se
opuseram à amizade de Capitu e Bentinho.
Ezequiel - Filho de Capitu
e Bentinho, em homenagem ao casal amigo, levou o primeiro nome de Escobar,
assim como o casal deu o nome de Capitolina para sua filha. Quando pequeno
costumava imitar as pessoas, e quando maior Bento cisma que ele era idêntico a
Escobar, e isso aumenta sua desconfiança.